
Opinião da autora
Ao longo dos seis meses produzindo este trabalho, senti um misto de emoções. Ouvir histórias e descobrir números assustadores de violência sexual no Brasil é devastador. Como podemos ser agredidas dessa forma simplesmente por sermos mulheres? Como alguém pode duvidar dos nossos gritos desesperados de socorro?
Por outro lado, conversar com profissionais que enxergam a complexidade desse problema – e querem solucioná-lo – traz um certo alívio. Ouvi juristas que, no seu dia a dia, lutam pela justiça e dignidade de todas as mulheres.
A impunidade de agressores sexuais está longe de acabar no Brasil. Milhares de “Mari Ferrers” são humilhadas todos os anos em vão em nosso país tentando provar que foram violentadas. Homens estão sempre buscando motivos para justificar a violação dos nossos corpos porque querem continuar explorando as mulheres. Mas há quem esteja disposto a mudar esse cenário.
Aliás, aqueles que deixam de buscar essas melhorias no processo criminal e não oferecem apoio a sobreviventes de violência sexual estão entregando um passe livre para que homens continuem violentando mulheres. Vítimas desse tipo de agressão precisam ser olhadas como vítimas pela justiça brasileira, e não como culpadas de uma reação injustificável do agressor.
Mulheres não provocam assédio, mulheres não permitem toques indesejados. Mulheres são forçadas, coibidas, manipuladas, intimidadas e agredidas por homens.
Quem tem o poder de mudança nas mãos precisa agir. Políticos e juristas devem lutar por reformas – ou pelo que for preciso para que mulheres deixem de ser julgadas por terem sido abusadas. Comunicadores devem fiscalizar, denunciar e divulgar injustiças.
Às mulheres que resta apenas sofrer e se indignar contra esse cenário: vocês não estão sozinhas.